sexta-feira, 8 de junho de 2012

VELHO TESTAMENTO - PROFETAS MAIORES



Isaías

Comentário:

Isaías é merecidamente conhecido como o profeta evangélico, visto que nos proporciona a mais ampla e clara exposição do evangelho de Jesus Cristo registrada no Antigo Testamento. Semelhante, em determinados aspectos, à epístola aos Romanos no Novo Testamento, Isaías serve de compêndio das grandes doutrinas da era pré-cristã, e se ocupa de quase todos os pontos cardiais na escala da teologia. Acentua de modo especial a doutrina de Deus, sua onipotência, sua onisciência e seu amor redentor. Em confronto com os deuses imaginários dos adoradores pagãos de ídolos, Deus se revela como o verdadeiro Deus, o Soberano Criador do Universo, que ordena todos os acontecimentos da história de acordo com um plano-mestre que ele próprio estabeleceu. Mediante a demonstração de sua autoridade e inspiração de sua Palavra, cumpre maravilhosamente as predições pronunciadas muito antes pelos profetas. Ele é o mantenedor da lei moral, que traz a juízo todas as nações ímpias dos pagãos, inclusive as mais ricas e poderosas dentre elas, e destina-se ao montão de cinzas da eternidade, ao passo que seu povo escolhido vive para lhe glorificar o nome.
É, acima de tudo, o Santo de Israel que Isaías apresenta como o Senhor que o inspirou a profetizar. Em sua qualidade de Santo, exige acima das formalidades da adoração mediante sacrifícios, o sacrifício vivo de uma vida piedosa. Para este fim, apresenta as mais vigorosas persuasões dirigidas à consciência de seu povo, tanto na forma de advertência e apelos proféticos, como nas ameaças de castigo destinadas a levá-los ao arrependimento. Mas, na qualidade do Santo de Israel, apresenta-se como inalteradamente obrigado para com seu povo da aliança, e o fiador fiel de suas misericordias promessas de perdoar-lhes, quando se arrependerem, e libertá-los do poder do inimigo. Está preparado para resgatá-los dos assaltos de seus arrogantes opressores gentios, e trazê-los, da escravidão e do exílio, para a Terra Prometida.
Entretanto, na análise final, até mesmo os crentes israelitas, instruídos nos ensinos do Antigo Testamento e usufruindo de imcomparáveis privilégios de acesso a Deus, demonstram ser inerentemente pecaminosos e incapazes de salvar-se a sí mesmo do mal. Seu livramento final só pode provir do Salvador, do Messias divino e humano. Este Emanuel, nascido de uma virgem, que é o próprio poderoso Rei, estabelecera seu trono como rei de toda a terra, e porá em vigor as exigências da santa lei de Deus, ao estabelecer a paz universal, a bondade e a verdade sobre o mundo todo. Contudo, este Messias soberano obterá o triunfo somente como Servo de Jeová, rejeitado e desprezado por seu próprio povo, oferecendo seu corpo sagrado como expiação pelos pecados deles. Mediante o sofrimento e a morte, libertará a alma não somente dos verdadeiros crentes de Israel como nação, mas também de todos os gentios de terras distantes que abrirem o coração para receberem a verdade. Tanto os judeus como os gentios formarão um rebanho de fé e constituirão os súditos felizes de seu reino milenial, que está destinado a estabelecer o governo de Deus e assegurar a paz de Deus sobre toda a terra.

Autor:
Isaías, filho de Amós, provinha, ao que parece, de uma rica e respeitável família de Jerusalém, visto que não somente se registra o nome de seu pai, mas ainda desfrutava de estreita relação com a família real e com os mais altos funcionários do governo. Embora, talvez, tenha iniciado seu ministério profético no final do reinado de Uzias, menciona o ano da morte deste rei, provavelmente 740 a.C, como a época em que recebeu a unção e incumbência especial de Deus no templo (capítulo 6). Foi-lhe ordenado que pregasse com intrepidez e de modo inflexível uma mensagem de advertência e denúncia contra seu povo, pela impiedade de conduta e pela idolatria, chamando a nação para um sincero arrependimento e reforma. O idólatra rei Acaz odiou-o e criou-lhe obstáculos, mas foi favorecido e respeitado pelo rei Ezequias (716-698 a.C.), o qual, contudo, não levou em conta as advertências do profeta contra a aliança com o Egito, Isaías foi, provavelmente, martirizado pelo rei Manassés, brutal e depravado filho de Ezequias, isso por volta do ano 680 a.C.

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Gleason L. Archer Junior
Doutor em Filosofia e Letras


  
Jeremias

Chave: Advertência

Comentário:

O prolongado ministério de Jeremias, que durou mais de quarenta anos, estendeu-se desde o ano de 625 a.C. até poucos anos depois que Judá deixasse de ser um estado, no ano de 586 A.C. Mais de cinquenta nos de apostasia religiosa sob o reinado de Manassés foram, finalmente, seguidos de uma reforma religiosa no governo de Josias (621-607) a.C.). Jeremias apoiou a reforma com entusiasmo até perceber que o coração do povo não mudava. Dois anos após a morte de Josias, a batalha de Carquemis (605 a.C.) consolidou o domínio babilônico sobre a Ásia Ocidental. A partir daí, Jeremias defendeu a submissão a Babilônia, porém não teve êxito. Por causa da administração dos últimos quatro reis de Judá, dos vinte e um anos de apostasia religiosa e fraqueza política, tornou-se inevitável a queda de Jerusalém no ano de 586 a.C. e o conseqüente exílio.
As angustiosas circunstâncias sob as quais Jeremias trabalhava e a extraordinária extensão com que a idolatria tomara o lugar da religião revelada em Judá manifestam-se com clareza nas predições de Jeremias. Igualmente, a angústia espiritual de Jeremias é causada por esta apostasia. Contudo, não era ele um homem pessimista. Era, essencialmente, guerreiro de Deus, porém um guerreiro que também exercia as funções de atalaia e testemunha. O primeiro capítulo descreve o chamado de Jeremias para o mninistério profético. Os capítulos 2 a 13 capacitam-nos a reconstruir as condições em que ele profetizava, enquanto os capítulos 14 a 33 nos revelam sua consciência de Deus e sua comunhão com ele (leia também 1:1-19). O guerreiro surge, como atalaia de Deus (34:1 - 45:5) e testemunha de Deus (46:1-52:34).
Nos oráculos de Jeremias, Deus, o Governante moral do mundo, é o Deus das alianças de Israel. Por meio de Israel, procurou atingir fins morais. Em realidade, o adultério, pelo assim dizer, do reino setentrional com os baalins obrigou Deus a dar-lhe carta de divórcio, ou seja, mandá-lo para o exílio. Judá, o reino meridional, não tirou proveito da experiência de Israel. Na verdade, superou a Israel na prática de impurezas sexuais, a despeito de rejeitar as acusações de infidelidade religiosa. Portanto, Deus teve de castigá-la.
O arrependimento poderia ter suspenso o processo de divórcio (exílio), apesar de seus adultérios, visto como a graça divina é imensa. Todavia, tão arraigada estava a imoralidade em Judá que a nação não era capaz de corrigir-se moralmente. Aos poucos foram desaparecendo as virtudes sociais. Nem os sacrifícios nem os ritos poderam substituir o arrependimento e a justiça. A espantosa pecaminosidade de Judá significava que o pecado devia ser congênito, por conseguinte, não tinha capacidade moral. Esse pecado nascia de uma natureza pacaminosa. O juízo e o exílio eram inevitáveis. Porém o exílio não era a última palavra.
Voltaria um remanescente para viver sob a administração messiânica, em um ambiente de segurança religiosa e social. O governo justo do Messias sobre um povo reto contribui para explicar a doutrina do novo concerto de Jeremias. As pessoas seriam justas porque teriam o coração renovado. Obedeceriam às leis de Deus de coração espontaneamente. A nova aliança, garantindo o perdão e uma dinâmica espiritual interior, transcederia o legalismo da antiga aliança. Finalmente, pelo sacrifício e morte de Cristo, e mediante a manifestação regeneradora interior do Espírito Santo, a nova aliança se tornaria realidade.

Autor:
Não se observa princípio algum na organização das profecias de Jeremias. Os oráculos sob os últimos cinco reis de Judá não seguem uma linha cronológica. A ordem dos capítulos, no hebraico, difere da ordem da Versão dos Setenta (Septuaginta), e nesta Versão se observam consideráveis omissões, conquanto de escassa importância. Isto nos sugere uma revisão redatorial distinta. Jeremias ditou as profecias e Baruque as escreveu (36:1-8, 32). O Novo Testamento contém numerosas referências a Jeremias.

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J. G. S. S. Thomsom
Doutor em Filosofia e Letras


  
Lamentações de Jeremias

Chave: Calamidade

Comentário:

O livro de Lamentações contém um tema principal. Os sofrimentos que recaíram sobre Jerusalém quando o rei Nabucodonosor capturou a cidade no ano de 586 a.C. Em uma série de elegias, o autor expressa seu inconsolável pesar pela agonia e angústia da cidade.

O primeiro lamento descreve e explica as aflições de Jerusalém em termos gerais. O segundo descreve o desastre em maiores minúncias. Ressalta que a destruição da cidade é um juízo divino sobre o pecado. Alguns fatores fundamentais deste juízo se esclarecem no terceiro lamento. O quarto sublinha algumas lições que Jerusalém aprendeu por meio do juízo. O quinto e último lamento (poderíamos dizer mais acertadamente oração)descreve como Jerusalém, por causa de seus sofrimentos, lançou-se à misericórdia divina, esperando que Deus novamente se mostre misericiordioso para com Israel, agora purificada no cadinho da aflição. Considerando-se que as Lamentações de Jeremias tratam o sofrimento como castigo sobre o pecado, o crente afligido tem no referido livro a linguagem de sua confissão, auto-humilhação e invocação.

Autor:
Desde época antiqüissima, tanto os judeus como os cristãos têm atribuído a Jeremias o livro das Lamentações. A Versão dos Setenta (Septuaginta) atribui a autoria do livro a esse profeta, desde o segundo século antes de Cristo, e a Bulgata o faz desde o quarto século de nossa era. Se dermos por definida a paternidade literária de Jeremias, o livro das Lamentações converte-se em "suplemento do livro de Jeremias", que com tanta freqüencia profetizou uma catástrofe como a que o livro das Lamentações descreve. Jeremias não adota um tom de censura em seu lamento, como quem diz: "Eu o avisei." Sente a dor das aflições de Jerusalém, e roga a Deus que não a rejeite para sempre.

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J. G. S. S. Thomson
Doutor em Filosofia e Letras



Ezequiel

Chave: Visões

Comentário:

O Livro de Ezequiel relata a atividade de um profeta durante o exílio na Babilônia. O profeta dirige suas mensagens a seus compatriotas cativos e também ao povo hebreu que ainda reside na Palestina. Ambos os grupos permaneceram obstinados e impenitentes, mesmo depois da captura de Jerusalém levada a cabo pelo rei babilônio Nabucodonosor, e do exílio de Joaquim, rei de Judá, juntamente com uma considerável parte da população no ano de 597 a.C. Portanto, Deus atribuiu a Ezequiel a tarefa de denunciar a casa rebelde de Israel e predizer a destruição de Jerusalém e a deportação de um número ainda maior. Seis anos depois de Ezequiel haver começado a pregar, suas palavras se cumpriram. No ano de 586 a.C., Nabucodonosor destruiu Jerusalém e levou cativos para a Babilônia quase todos os sobreviventes. Mas, a despeito da infidelidade de Israel, Deus mostrou-se misericordioso. Ezequiel recebeu instruções no sentido de proclamar as boas-novas de que o exílio terminaria e Israel recuperaria sua posição de instrumento da salvação de Deus para todos os homens.
A forma pela qual o livro de Ezequiel apresenta esta mensagem de juízo e de promessa distingue-o dos outros livros proféticos do Antigo Testamento. A organização sistemática do conteúdo constitui seu primeiro traço característico. Os primeiros vinte e quatro capítulos representam a acusação e condenação de Israel, com aterradora conseqüencia. Esta perspectiva de juízo, minorada somente por lampejos incidentais de luz, fica compensada na última parte (capítulos 33 a 48) com uma apresentação também conseqüente com o brilhante futuro que Deus tem reservado para seu povo. Estas seções compactas de ameaças e promessas a Israel são separadas por uma série de discursos endereçados às nações estrangeiras, discursos que têm duplo aspecto: pronunciam juízo e castigo sobre os perversos vizinhos de Israel, mas a destruição dos inimigos de Israel constitui também segurança de que não poderão criar obstáculos no cumprimento da promessa de Deus de redimir e restaurar seu povo escolhido.
Outro traço característico do livro de Ezequiel é a forma pela qual expressa não somente a ameaça mas também a promessa. O livro é abundante em visões misteriosas, alegorias ousadas e estranhos atos simbólicos. Estas formas de revelação divina ocorrem aqui com maior freqüencia do que em qualquer outro livro profético, e se acham representadas por uma riqueza de pormenores descritivos. As visões em particular são bizarras, de forma quase grotesca, e portanto de interpretação dificil.
Todavia, o significado fundamental do livro de Ezequiel não escapará ao leitor se levar em conta que a glória de Deus e suas ações de juízo e salvação se acham apresentadas em linguagem e forma simbólicas. Aquilo que Ezequiel vê em visões, que descreve em alegorias e põe em prática numa forma que se assemelha a charadas, tem por objetivo contribuir para a certeza de que Deus leva avante seu plano de salvação para todos os homens aos quais ele havia iniciado neste pacto com Israel séculos antes. Purificado pelos juízos de Deus no exílio babilônio, o povo de Israel se tornaria de novo o veículo das promessas que se cumprirão no novo pacto e no final dos tempos. Tudo isto Ezequiel vê em perspectiva profética, na qual se sobrepõem no mesmo quadro relativo ao reino de Deus futuro e permanente algumas cenas de um futuro imediato e de um futuro distante.

Autor:
A pessoa de Ezequiel se acha tão imersa na mensagem, que além de seu nome, pouco sabemos com referência a ele. Somente dois fatos de caráter biográfico podem deduzir-se do livro: que era filho de Buzi, o sacerdote, e, diferentemente de seu contemporâneo Jeremias. Ezequiel era casado, mas "o desejo dos teus olhos" lhe foi tirado de um golpe, enquanto realizava sua missão por ordem de Deus.
Ezequiel tem sido considerado, com freqüencia, uma pessoa severa, insensível. Tem-se dito que é impessoal, indiferente a seus ouvintes, e só lhe preocupa a vindicação da glória de Deus, mesmo na proclamação da misericórdia. Conquanto seus sentimentos não aflorem à superficie, como no caso de Jeremias, a afirmativa de que ele não é compassivo equivialeria a ir além das evidências. Nem tampouco podem os críticos radicais justificar suas teorias que afirmam que o profeta sofria de ataques catalépticos e de paranóia esquizofrênica. Os atos simbólicos que ele executa e as visões que recebe não são, em essência, diferentes dos que os outros profetas registram.
Ezequiel foi levado para a Babilônia no ano de 597 a.C., e foi chamado para o ministério profético cinco anos mais tarde. Exerceu tal ministério ativamente durante um período de vinte e dois anos, pelo menos (29:17).

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Walter B. Roehrs
Doutor em Filosofia e Letras




Daniel

Chave: Revelação

Comentário:

O livro de Daniel jamais deixou de despertar interesse e de provocar controvérsia nos círculos teológicos. Ao mesmo tempo, cativa os leitores com relatos de heroísmo em tempos de grande perigo e tem servido de consolo a multidão de fiéis seguidores de Deus quando lêem comoventes narrativas de sua presença e bênção.
Os primeiros capítulos de Daniel narram certas experiências dos jovens judeus - Daniel e seus três companheiros - que fazem parte dos cativos judeus na Babilônia no século sexto antes de Cristo. A recusa de serem atraídos pelo mundo pagão em que viviam e os perigos que os ameaçavam por causa de sua fidelidade constituem a essência do drama. Seus livramentos - Daniel da cova dos leões, e Sadraque, Mesaque e Abdnego da fornálha ardente - demonstram o poder e o amor de Deus. Nabucodonosor, orgulhoso e seguro de sua conduta despótica, é humilhado até que reconheça que a providência de Deus governa inclusive a vida do rei. O drama da escritura na parede fez que esta frase seja parte proverbial de nosso idioma hoje. O terrível pecado da arrogância diante de Deus, do qual Belsazar se fez culpado, traz com certeza a derrota e a morte. As seções narrativas do livro, entre as mais famosas da literatura, mantêm nosso interesse não somente pelo drama, mas também por sua vigência toda vez que o materialismo e o paganismo ameaçam envolver os filhos de Deus.
As visões que o livro de Daniel proporciona, quer sejam dadas a governantes pagãos ou ao próprio Daniel, são consideradas por sinceros estudiosos da Bíblia como uma visão prévia do mundo através da história até aos últimos dias. As profecias relativas aos quatro reinos e ao quinto grande reino, o reino de Deus, constituem um quadro da marcha do império. Os quatro reinos formaram-se de acordo com a profecia; o quinto reino espera seu cumprimento por ocasião da segunda vinda de nosso Senhor.
Os grandes temas da profecia de Daniel são assunto de vital solicitude para a igreja na atualidade: a apostasia do povo de Deus, a revelação do homem de iniquidade, a tribulação, a segunda vinda, o milênio e o dia de juízo. Ao abir o livro de Daniel, vemo-nos às voltas com uma interpretação da história que não somente se cumpriu em grande parte, mas que se cumprirá totalmente. Esta certeza é que faz que o livro de Daniel seja de vital e significativa importância na presente época.

Autor:
No terreno histórico, tanto o Judaísmo como o Cristianismo têm incorporado o livro de Daniel no cânon, considerando-o obra autêntica do período acerca do qual afirma falar, isto é, do sexto século antes de Cristo, escrito por Daniel. Não existe base científica de nenhuma natureza que justifique afastar-se da aceita tradição judaico-cristã, no sentido de que o livro foi escrito no século VI a.C., por Daniel.
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G. Douglas Young
Doutor em Filosofia e Letras




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