quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O FIM DOS DISCÍPULOS : OS SONHOS QUE NUNCA MORRERAM

TIAGO, TOMÉ E BARTOLOMEU :  AS LÁGRIMAS QUE NUNCA APAGARAM OS SONHOS


     Tiago, o irmão de João, foi o primeiro dos 12 a ser julgado e condenado por ter seguido e amado a JESUS CRISTO.  Tinha sido um jovem individualista e ambicioso; agora, sua ambição era poder aliviar a dor das pessoas e ajudá-las a encontrar a mais excelente fonte de amor.
       Tiago se convertera num homem sólido, muito diferente do jovem frágil e inseguro dos tempos em que largou os barcos de seu pai. O fim da sua vida tem episódios surpreendentes.  O responsável por levá-lo ao banco dos réus, vendo que ele seria condenado, ficou perturbado.  Segundo o historiador Clemente, esse homem sentiu-se tão comovido em seu coração que, a caminho da execução, confessou, para espanto de todos, que também era cristão.
      É provável que, pela primeira vez , um carrasco tenha abraçado um réu e resolvido morrer com ele.  Durante o caminho, pediu a Tiago que o perdoasse.  Tiago aprendera a perdoar, mesmo quando o mundo o decepcionava.  Voltou-se para seu acusador e viu algo doce em seu olhar.  Num gesto sublime, beijou-o, chamou-o de irmão e desejou-lhe a paz.  Ambos foram decapitados em 36 d.C.  Foi o primeiro discípulo de Jesus a se despedir da vida com uma serenidade cristalina.
      Tomé era cético, inseguro.  Confiava somente em seus instintos, naquilo que podia ver.  Mas as sementes que Jesus semeou cresceram nele.  Foi controlado pelo amor do Mestre e o divulgou em terras distantes.  Por meio de suas palavras, os sonhos de Jesus chegaram aos povos medos, partos, persas e outros.  Muitos creram no reino de Deus, embora vivessem num reino humano injusto, onde muitos morriam à mingua e poucos tinham privilégios.
     O fim de Tomé foi comovente.  Padeceu numa cidade da Índia.  Uma flechada tirou-lhe a vida.  A vida escoava pela ferida, mas ele manteve viva a esperança.  Deve ter se lembrado dos tempos inseguros em que só acreditaria em Jesus se visse em suas mãos a marca dos cravos (João 20:25).  Agora, Tomé estava ferido.  Mas a dor e o sangue que corria da ferida não destruíram seus sonhos.  Tomé sonhava com a eternidade.
      Diz-se que Bartolomeu, um discípulo que somente foi citado nos evangelhos, foi grande no anonimato.  Ele anunciou as sublimes palavras do Mestre dos Mestres aos indianos.  Traduziu o evangelho de Mateus para a língua deles, pois queria que todos se contagiassem com a justiça de Deus e com o amor e a inteligência de Jesus Cristo. 
      Sua ousadia custou-lhe caro.  Homens insanos, que nunca entenderam o valor da vida, o abateram a bordoadas e depois o crucificaram na cidade da grande Armênia.  Como se não bastasse essa dor incrível, em seguida foi esfolado e decapitado.  A brutalidade da sua morte contrastava com o perfume da sensibilidade que exalava do seu interior.  Bartolomeu fechou os olhos para sempre, mas seus sonhos continuaram vivos.

FELIPE E ANDRÉ:  UMA CORAGEM  INABALÁVEL
        Felipe, delicado e ousado, saiu divulgando a palavra do seu mestre nas cidades e vilarejos.  Havia uma chama incontrolável que fluía do âmago do seu ser.  Os sonhos de Jesus estavam longe de se concretizar fora dele, mas se tornaram reais no seu ser.  Para Felipe valia a pena viver, mesmo em face de intensas perseguições.  Ajudar as pessoas e levá-las a encontrar o sentido da vida era mais importante do que receber todo dinheiro do mundo.  Trabalhou muito entre as nações bárbaras.
        No fim, padeceu em Hierápolis, cidade da Frígia.  Foi considerado um criminoso, um homem indigno de viver.  Então, o crucificaram.  Não bastassem a dor e o suplício da cruz, as pessoas lhe atiraram pedras até a morte.  Provocaram  traumas profundos num homem que amou a humanidade, que tratou as feridas da alma de muitos.
        Felipe usava a energia de cada célula para falar de alguém que revolucionara a sua vida.  Depois que se tornou um seguidor de Jesus, aprendeu no mercado da vida o individualismo e o egoísmo sempre foram e são um artigo comum e barato.  O amor, em contrapartida, sempre foi e continua sendo um artigo raro para homens especiais.
         André, irmão de Pedro, também teve um fim trágico, mas encontrou poesia na dor.  Jerônimo escreve sobre ele:  "André pregou no ano 80 d.C. aos círios e sógdios, aos sacas, e numa cidade chamada Sebastópolis, agora habitada pelos etíopes.  Foi crucificado por Egéias, o governador dos edessenos, e sepultado em Patras, a cidade da Acaia."  A confissão e o martírio de André não poderiam ser mais altaneiros, segundo Bernardo e Cipriano.
       André, como Jesus, não controlava as pessoas, apenas convidava-as a aderir ao seu sonho.  Muitos aceitaram tal convite e aprenderam a amar ardentemente o Mestre da Vida.  Para os egípcios, que não o conheciam, Jesus não passava de um judeu.  Nada mais absurdo para eles do que amar e seguir um judeu.
       O governador Egéias ficou irado com o movimento em torno de André.  Egéias queria eliminar os cristãos, a seita que o Império Romano mandara abolir.  Assim, com pleno consentimento do Senado, julgou digno matar os cristãos e oferecer sacrifícios aos seus deuses.  André poderia ter recuado e se protegido, mas defendeu os inofensivos seguidores do Mestre da Vida.  Preferiu ser condenado a se calar.
          Enfrentando Egéias no julgamento, André disse-lhe que convinha a quem quisesse ser juiz dos homens conhecer o Juiz que habita nos céus e, depois disso, adorá-lo.  O governador, dominado pelo ódio, considerou sua atitude uma insolência.  Mandou imediatamente amarrá-lo e crucificá-lo.  Queria que a morte de André servisse de exemplo para que ninguém mais se tornasse cristão. Mas o melhor favor que se pode fazer a uma semente é sepultá-la.
            Era de se esperar que André se intimidasse diante da morte, fosse dominado pelo medo e invadido por uma incontida ansiedade.  Ele, como os demais discípulos, teve medo quando Jesus, anos antes, fora preso no jardim da traição.  Fugiu como uma ovelha diante do lobo.  O tempo passou, e agora ele era um homem maduro e destemido.  As sementes e os sonhos que o Mestre dos Mestres plantara no tecido da sua personalidade cresceram.  Por isso suas reações diante do fim da vida foram admiráveis.  Relatos de historiadores revelam que ele não mudou seu semblante.
             Bastava negar tudo em que acreditava para sair livre.  Mostrando, porém, uma segurança inabalável, ele exclamou:  "Ó cruz, extremamente bem vinda e tão longamente esperada!  De boa vontade e cheio de alegria eu venho a ti."  A morte era uma janela para a eternidade, e André não se curvou diante dela.
            Mostrando uma sólida estrutura emocional, ele completou seu pensamento dizendo que era um discípulo daquele que a cruz abraçara e que há muito ele também desejava abraçá-la.  Assim, foi crucificado.  Expressou que valera a pena deixar o mar da Galiléia e se tornar pescador de homens.

MARCOS E MATEUS:  DOIS EVANGELISTAS QUE SE DESPEDIRAM DA VIDA COM DIGNIDADE
            Marcos, o evangelista, falou solenemente sobre as mensagens do Mestre da Vida no Egito.  Nos papiros escreveu os detalhes da vida de Jesus, e no coração cravou as suas palavras.  Muitos sob o calor das suas mensagens reacenderam o ânimo de viver.   Descobriram que o homem Jesus, que crescera na Galiléia, era um médico da  alma que entendia das feridas dos abatidos e da angústia dos desesperados.
             Alguns líderes do Egito não entenderam as delicadas mensagens de Marcos.  Tomados de ódio, eles o amarraram impiedosamente e o arrastaram para a fogueira.  O discípulo morreu injustamente, morreu porque inspirava os seres humanos a sonhar com o amor.  Marcos foi queimado vivo e depois sepultado num lugar chamado "Bucolus".  As labaredas causaram-lhe um sofrimento indescritível, transformaram em cinzas seu frágil corpo.  Mas fogueira alguma jamais poderia debelar as chamas dos seus sonhos.
             Marcos sofreu muito ao despedir-se da vida, mas enquanto viveu foi um homem completo e realizado.  O que ele escreveu inflamou o coração de milhões de seres humanos em todas as gerações.  Até hoje seus eloqüentes escritos queimam como brasas vivas no espírito e na alma das pessoas, animando muitas a não desistir da vida, a encontrar esperança na dor.
        Mateus, o evangelista, primeiro publicano transformado em apóstolo, escreveu um dos evangelhos.  A crítica literária dos seus textos reconheceu nele grandeza intelectual e uma eloqüência fascinante.  Jesus já havia partido há mais de 20 anos, mas as suas palavras e parábolas ficaram alojadas na memória de Mateus.  Escreveu seu evangelho em hebraico.
         Mateus saiu de Jerusálem por causa das perseguições.  Foi para a Etiópia e o Egito e contagiou os povos dessas nações com os sonhos do seu mestre.  Recebeu por isso um pagamento cruel.  Hicarno, o rei, mandou traspassá-lo com uma lança.  O ferimento causado pela lâmina esgotou sua vida, mas não seu amor por Jesus.  Sua alma se alimentava de esperança.  A esperança da imortalidade motivou cada minuto de sua vida.
           Ele escreveu em seu evangelho:  "Bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra."  Contrariando a história, em que foi sempre dominada pela violência, Mateus aprendeu com o Mestre da Vida que a terra se conquista com mansidão, paciência, sensibilidade.  Por isso, perdoou os inimigos, foi tolerante com os carrascos e paciente com os incautos.  Mateus fechou os olhos sonhando em herdar uma nova terra onde habita a justiça, onde não há dor, ódio ou lágrimas.

JOÃO:  O AMOR COMO FONTE INESGOTÁVEL DE REJUVENESCIMENTO
          João, como muitos outros, foi perseguido diversas vezes durante a vida.  Nos tempos de Nero, os inofensivos cristãos eram torturados sem piedade.  Mulheres, homens e até crianças serviram de pasto para as feras e de diversão para saciar a emoção insana e doente da cúpula romana.  Vespasiano, o construtor do Coliseu, sucedeu Nero.  No seu reinado, os cristãos tiveram algum descanso.  Tito, seu filho, reinou por pouco tempo.  Em seguida, Domiciano, seu irmão, subiu ao trono.
          No começo, Domiciano agiu de forma moderada.  Posteriormente, embriagou-se de tal forma com o poder que fechou as janelas da  memória e obstruiu a capacidade de pensar com lucidez.  Domiciano queria ser adorado como um deus.  Sua obsessão era tamanha que mandou erigir imagens de ouro e prata no Capitólio romano.
         Jesus, o filho de Deus, foi tão desprendido do poder que se prostrou aos pés de seus discípulos homens e os lavou.  Domiciano, um simples mortal, queria que os homens se prostrassem aos seus pés.  Que constraste!  Somente as pessoas inseguras do próprio valor controlam as outras e querem que elas gravitem em torno da sua órbita.
              Os fracos controlam, os fortes libertam.  Jesus nunca despersonalizou seus seguidores.  Ao contrário, sempre fortaleceu a capacidade deles de decidir.  Segui-lo era um convite para ser livre no único lugar onde jamais deveríamos ser presos, dentro de nós mesmos.  Infelizmente, nos dias atuais, as pessoas não são tão livres quanto em outras gerações porque vivem encarceradas dentro de si mesmas pelos pensamentos negativos, preocupações, medo do amanhã.
                  Domiciano não podia admitir que no seu império um judeu nazareno pudesse ser mais admirado do que ele.  Por isso, perseguiu implacavelmente os cristãos.  João foi exilado na ilha de Patmos.  Não respeitaram sua idade avançada.  Era um idoso dócil que apenas ateava nos outros o fogo do amor pela vida.  Mais tarde, os romanos não suportaram o jugo do imperador que tomava ares de imortal.  Domiciano foi assassinado, e João foi posto em liberdade no ano de 97 d.C.. Foi para Éfeso e permaneceu ali até o reinado do imperador Trajano.
                Apesar de idoso, João conservava plenamente sua motivação.  Escreveu cartas vibrantes.  Para ele, todos os que seguiam Jesus, jovens ou velhos, eram tratados como filhinhos.  Ele amou ardentemente.
                O amor o tornara um homem livre, mesmo quando estava encarcerado.  Na atualidade, muitos são livres, mas vivem aprisionados no território da emoção.  Muitos têm motivos para sorrir, mas são infelizes, não encontram uma razão sólida para viver.  João teve todos os motivos para ser deprimido e ansioso, mas o amor rompeu os grilhões do medo e da angústia e fez da sua vida uma grande aventura.  Quem não ama, envelhece precocemente no corpo e na emoção.  Torna-se insatisfeito, um especialista em reclamar.
                 Mais de 60 anos haviam se passado desde a morte de Jesus Cristo.  Era tempo suficiente para apagar a memória e o entusiamo de João.  Mas o amor que sentia pelo Mestre da Vida era uma fonte misteriosa de rejuvenescimento.  Sua vida se tornou um canteiro de sonhos, mesmo tendo passado pelo pesadelo da solidão e das perseguições.


PEDRO

                Pedro aprendeu a valorizar mais as pessoas do que a sí mesmo.  Errou muito e amou mais ainda.  A tolerância irrigava a sua alma.  Presenciou algumas dissensões entre os discípulos, mas aprendeu a agir com amabilidade e inteligência.  Os confrontos entre os discípulos relatados no livro dos Atos e nas cartas aos corintios e aos gálatas têm grande significado para a pesquisa psicológica.  Indicam que eles eram normais e não sobrenaturais, que aprenderam a dialogar e a superar com sabedoria as suas dificuldades.
                 Na carta aos gálatas, Paulo comenta que ele e Pedro tiveram um desentendimento.  Mas os dois se amavam.  Aprenderam com Jesus que a grandeza de um ser humano está na capacidade de se  fazer pequeno, de ouvir sem medo e preconceito o que está no secreto dos outros.
         No final de sua vida, Pedro mostrou, em uma das suas cartas, uma afetividade impressionante para com Paulo, revelando que nenhuma cicatriz ficou de seus atritos.  Ele o chama de amado irmão Paulo, evidenciando uma habilidade de superação de divergências rara nos dias atuais.  Nada é tão carinhoso e terno como essa expressão.
                  Pedro saiu de Jerusalém e foi exalando por onde passava o perfume do Mestre do Amor.  Tornou-se líder em perdoar.  Por fim, também foi condenado.  Alguns relatos dizem que ele foi crucificado em Roma.  Hegessipo relata que o imperador Nero procurava fatos para condenar Pedro.  Sabendo disso, alguns cristãos pediram insistentemente que Pedro fugisse.
                  Ele cedeu.  Mas ao chegar aos portões da cidade sentiu algo queimado no seu interior.  Lembrou-se de seu mestre, que havia enfrentado as aflições e o caos em silêncio e com a maior dignidade.  Então, contrariando todos, retornou.  O historiador Jerônimo escreveu que ele foi crucificado.  Foi condenado como vil criminoso.  Pedro cometeu o crime de amar, perdoar, tolerar e se preocupar com os outros.
                Ao ser crucificado, a tradição conta que ele não se achou digno de morrer do mesmo modo que Jesus.  Para surpresa de todos, Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo.  É provável que no momento da crucificação Pedro tenha olhado para dentro de si e encontrado os olhos sublimes de Jesus acolhendo-o, como fizera no pátio do sinédrio.  Agora, ele não tinha vergonha de si, pois não o estava negando, mas dizendo ao mundo inteiro que amava Jesus Cristo.  O medo se dissipou, o amor prevaleceu.
                 Enquanto morria, Pedro sonhava o maior dos sonhos, sonhava que ele e o Mestre da Vida nunca mais se separariam.
               
PAULO


                  Paulo tornou-se muito famoso em Roma.  Sua eloqüência era imbatível.  Quem passava por ele tinha grande chance de mudar para sempre as rotas da própria vida.  No passado, ele tinha querido apagar o incêndio produzido por Jesus na alma dos homens.  Agora, era o maior incendiário.
                  Usou toda a sua inteligência para divulgar a grandeza oculta no carpinteiro de Nazaré, para mostrar que Jesus tinha vencido o caos da cruz e que sua morte tornara-se uma janela para a eternidade.
              Paulo foi tachado de louco, tal como outrora ele chamara de loucos os que seguiam Jesus.  Foi mutilado e torturado várias vezes, teve raros momentos de descanso.  Tinha todos os motivos para calar-se e deixar de propalar os sonhos de Jesus, mas ninguém conseguia silenciá-lo, nem os riscos constantes de morte.
                   Seus cabelos embranqueceram, sua pele ficou marcada pelos açoites, seu rosto, pelas noites maldormidas, mas dentro dele havia uma energia inesgotável.  Muitos têm motivos para serem felizes, mas são tristes e ansiosos.  Paulo teve todos os motivos para ser triste e tenso, mas tornou-se um ser humano feliz e sereno.
                    Nos últimos anos esteve preso em Roma.  Mas sua boca nunca se calou.  Na prisão, continuava a falar.  Fazia reuniões, convocava os judeus e os romanos.  Muitos soldados romanos, até os de alta patente, entraram nos sonhos de Jesus.  Diversos guardas encarregados de vigiá-lo mudaram para sempre suas vidas.
               Quando houve a primeira grande perseguição em Roma, Nero teve a grande oportunidade de ceifar a vida do homem que embriagava os romanos com o sonho da eternidade.  Numa situação desesperadora, o imperador enviou dois dos seus fortes escudeiros, Ferega e Partêmio, para silenciar o dócil Paulo.  Onde estava Paulo nesse momento ?  Ensinando.
                     O ambiente em Roma era tenso.  Os cristãos eram vistos como portadores de lepra.  os dois carrascos se aproximaram e o viram ensinando ao povo.  O momento era comovente.  Ao levarem o discípulo, algo aconteceu dentro deles.  Ficaram contagiados com o que ouviram.  Numa atitude surpreendente, pediram ao próprio Paulo que orasse por eles, para que pudessem crer.  Paulo fitou-os e disse-lhes que em breve creriam sobre seu sepulcro.  Estava consciente do seu fim e de que sua morte ainda geraria frutos.
                      Pouco tempo antes, ele havia escrito uma carta aos filipenses revelando um destemor sem precedentes em face da morte.  Viveu uma vida intensa.  Sofreu muito, mas amou mais ainda.  Atravessou o vale da angústia, mas bebeu da fonte da alegria.
                      Paulo foi tão alegre e realizado que teve a coragem, mesmo estando preso, de ordenar aos seus leitores que fossem alegres:  "Alegrai-vos sempre."  Que mistério é esseque tornou felizes homens em situação miseráveis ?  Que segredos se escondiam no secreto dos espíritos que os faziam bem-aventurados, e não desesperados ?
                     Paulo também sonhava com uma pátria superior.  Nesta terra, ele se considerava um hóspede temporário, pois seu coração procurava um reino de alegria, paz e justiça.  Os soldados de Nero o conduziram para fora da cidade.  Lá, ele orou, conversando com Deus que nunca vira, mas que morava no âmago do seu ser.
                  Após esse momento, despediu-se dessa vida tão bela e complexa, tão rica e cheia de decepções, tão longa e, ao mesmo tempo, tão breve.  Como tinha cidadania romana, não foi crucificado.  Na sua juventude, fizera morrer muitos seguidores de Cristo, agora tinha chegado a sua vez.  Com uma coragem esplêndida, ofereceu o seu pescoço aos carrascos e foi decapitado.
                     Talvez muito poucos tenham amado tanto a humanidade como Paulo.  Aprendeu com o Mestre do Amor a valorizar cada ser humano como jóia única.  Considerou escravos, pobres e excluídos tão importantes quanto reis e nobres.
                  Cortaram sua vida, mas não cortaram seus sonhos.   Morreu por eles.  O que Paulo escreveu sobre Jesus Cristo incendiou o mundo.  A história jamais foi a mesma depois de suas belas, profundas e poéticas cartas.



Fonte :   
     Cury, Augusto Jorge, 1958.
           O mestre inesquecível/Augusto Jorge Cury - Rio de Janeiro:  Sextante, 2006
            (Análise da Inteligência de Cristo; v. 5)












           
         
         

      

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