sábado, 13 de outubro de 2018

A LÂMPADA ARDERÁ CONTINUAMENTE

A LUZ DIVINA, ÚNICA E IMPRESCINDÍVEL
Pr. Claudionor de Andrade
Antes de conceituarmos a luz divina, buscaremos definir a luz em si mesma. Não será uma tarefa fácil. Apesar de a vermos do primeiro ao último arrebol, ainda não sabemos como defini-la adequadamente. Se o conceito é difícil, como será possível a descrição? Os físicos mais abalizados veem-se ainda perplexos ante as maravilhas de um fenômeno que, embora comum, ainda se revela incomum nos tratados e compêndios. 
A definição da luz
Se formos a um dicionário da língua portuguesa, leremos uma definição que não irá além destas palavras: iluminação que, tendo como fonte o Sol, ilumina a Terra e os demais corpos da Galáxia. Mais adiante, nesse mesmo léxico, deparar-nos-emos com este complemento conceitual: claridade que parte de alguma fonte luminosa, e ilumina áreas escuras.
As fontes de luz variam em tamanho, potência e cor. Vai do Sol, poetizado como o astro-rei, à lamparina que brilha fracamente na casa do humilde campônio. Mas, quer o primeiro, quer a segunda, ambos simbolizam o Evangelho de Cristo. Nalgumas ocasiões, a mensagem da cruz resplende como no dia de Pentecostes, em Jerusalém. Noutras, tremeluz num folhetozinho já sujo e de letras escondidas; lamparina quase apagada. Seja como for, a Palavra de Deus jamais deixa de refulgir nas trevas. Quanto à cor, apesar das lentes e vidros que se antepõem às suas fontes, a luz será sempre clara e bela.
Vejamos, agora, como a física vê a luz. Aos olhos dessa ciência, a luz não passa de uma onda eletromagnética; sua extensão compreende ondas que, em intervalos regulares, possibilitam a sua visibilidade. Ela pode ser descrita também como a radiação eletromagnética, que se situa entre as radiações infravermelha e ultravioleta. Eis aqui as três grandezas básicas da luz: intensidade, frequência e polaridade.
Já que definimos razoavelmente a luz, de acordo com a nomenclatura da física, olhemo-la, doravante, a partir do prisma profético e apostólico. Nesse sentido, a luz vai sempre além da luz.
A luz no Antigo Testamento
Nos prolegômenos teológicos, aprendi que a Bíblia, conquanto não seja um livro científico, não contradiz a verdadeira ciência. Até hoje não descobri a mínima contradição entre a Palavra de Deus e os fatos comprovadamente científicos. Quanto à teoria da evolução, levemos em conta que este palavrório todo jamais saiu do campo das hipóteses desprezíveis.
Sem mais tardança, entremos a examinar a visão hebraica da luz. No terceiro versículo de Gênesis, lemos: “Disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Gn 1.3). Logo após o aparecimento da luz, a que convencionamos chamar de cósmica, manifesta-se o Criador acerca de sua obra: “E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.” (Gn 1.4).
A luz já existia, mas ainda não tinha nome. Como alcunhá-la no início da criação? Mas Deus, que jamais teve dificuldades para encontrar palavras, vocábulos e termos, apresentou uma nomenclatura que, embora diversa nas línguas humanas, jamais deixou de ser eufônica e poética em todos os idiomas. Narra o autor sagrado o ornato da linguística divina: “Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia” (Gn 1.5).
Recorramos ao léxico hebraico, para uma definição mais precisa do vocábulo “luz” no idioma do Antigo Testamento. A palavra 'owr, na língua hebraica, traduzida em nossas bíblias como luz, traz uma gama considerável de significados: luz do dia, luz sideral, aurora, brilho, resplendor. A luz era empregada também como sinônimo de instrução, de prosperidade e da própria verdade. Por essa razão, Jeová era visto, pelos santos profetas, como a Luz de Israel.
Na devoção dos salmos, o rosto de Jeová é descrito como a luz imprescindível; sem ela, a vida é impossível. Num momento de perplexidade, roga Davi ao Senhor: “Há muitos que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem? SENHOR, levanta sobre nós a luz do teu rosto” (Sl 4.6, ARA). Por isso, o sumo sacerdote despedia a congregação de Israel com uma bênção que, entre as menções às bondades divinas, havia uma referência à luz do rosto de Jeová: “O SENHOR te abençoe e te guarde; o SENHOR faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o SENHOR sobre ti levante o rosto e te dê a paz” (Nm 6.24-26, ARA).
Nas palavras dessa belíssima liturgia, o rosto de Jeová é descrito como o Sol em sua máxima resplandecência; uma luz além da luz. E, rebrilhando dessa forma sobre o peregrino, reunia este força e graça para superar o insuperável. Sem o rosto divino a resplender em nossa alma, jazemos em trevas. Mas, raiando em nosso coração, as mesmas trevas fazem-se luz.
A luz de Jeová é necessária ao indivíduo; às nações, insubstituível. Por esse motivo, o salmista, considerando a experiência de Israel, louva ao Senhor: “Bem-aventurado o povo que conhece os vivas de júbilo, que anda, ó SENHOR, na luz da tua presença” (Sl 89.15, ARA).
 Se os israelitas tinham como luz a Jeová, não deveriam retê-la; era a sua obrigação profética e sacerdotal apregoar a Palavra de Deus a todos os gentios; missão primordial. No espírito desse reclamo, Isaías exorta, falando pelo Senhor, o remanescente fiel: “Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, tomar-te-ei pela mão, e te guardarei, e te farei mediador da aliança com o povo e luz para os gentios” (Is 42.6, ARA).
Nessa profecia, há uma dupla referência. No plano inicial, a palavra é dirigida a Israel. Já no seguinte, a profecia refere-se ao messiado de Jesus Cristo, que haveria de nascer 700 anos depois. Luz por luz, o Filho de Deus levantar-se-ia para iluminar os filhos de Abraão e os descendentes de Noé, que se haviam espalhados a partir da torre de Babel. O Evangelho de Cristo, qual benfazejo sol, espargiria sua luz, indistintamente, sobre as famílias semitas, jafetitas e camitas.
A luz em o Novo Testamento
No primeiro capítulo do Evangelho de João, somos agraciados com um gênesis admiravelmente interpretado à luz de Jesus Cristo. Já em suas palavras iniciais, é-nos facultado ver, ali, em plena criação e junto ao Criador, o Verbo a criar os Céus, a Terra, o reino vegetal, o império animal e, primordialmente, o ser humano. Sem o Filho, nada do que existe, existiria. Ele é ação executiva do Pai.
No gênesis joanino, encontramos a luz já no quarto versículo: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens” (Jo 1.4, ARA). Na frase seguinte, o Evangelista descreve o ministério da luz: “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (Jo 1.5, ARA). Nesse princípio, a luz não precisa de ajuda para separar-se das trevas. Vencendo penumbras e escuridões, ela resplandece em trevas espirituais, morais, emocionais e éticas. Até mesmo nas trevas teológicas, resplandece ela; nada a pode conter; irresistível.
Agora, numa pausa linguística, examinemos a palavra “luz”, de acordo com o idioma que serviu de plataforma ao Novo Testamento.
Segundo a mitologia grega, a luz origina-se de Phosphorus, uma divindade menor responsável pela claridade do Cosmos. Filho de Eos, a deusa da aurora, o Phosphorus era reverenciado como a Estrela da Alva. Desse substantivo, originou-se o vocábulo phos, traduzido em português como “luz”.
Despido já das roupagens mitológicas, o termo phos seria largamente usado pelos autores do Novo Testamento. Encontramo-lo nos evangelhos, nas epístolas e na revelação final. Examinemos, com mais atenção, essa palavra tão significativa e tão bela. Além de sua primitiva significação, ela é usada para representar a claridade de um candeeiro, o clarão de uma tocha, o brilho de uma estrela e o resplendor do Sol.
Metaforicamente, representa Deus, a verdade, o conhecimento, a pureza e a razão. Todavia, a maior imagem que a luz pode evocar é a do Filho de Deus que, na rude cruz, deu-se em resgate por nossas almas. Ele é a luz profetizada por Isaías, que começaria a alumiar o mundo a partir da Galileia dos gentios:
Mas para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade. Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali; mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios. O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. (Is 9.1,2, ARA)
Com base nessa passagem, já nos é possível definir uma teologia da luz. Em seguida, estudaremos as implicações do candelabro do Tabernáculo Santo na soteriologia do Testamento Novo.      
A teologia da luz
A teologia da luz nada mais é do que a doutrina que ensina ser Deus o pai das luzes; alumiar é a sua função. Ele não se limita a espargir luz sobre as trevas espirituais; deleita-se também em esclarecer as simples e elementares dúvidas intelectuais. Se estamos emocionalmente obscurecidos, aclara-nos Ele os sentimentos; ilumina-nos os recônditos do coração e faz-nos a alma brilhar.
Para simbolizar a luz por excelência — Jesus em Deus —, ordenou Moisés o fabrico da mais bela mobília do Tabernáculo, que, hoje, serve de símbolo ao Estado de Israel. 
(Texto extraído da obra “Adoração, Santidade e Serviço:  Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018”. ) 

Fonte:  Portal da Escola Dominical

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