1 - INTRODUÇÃO
É o período mais longo, e trágico, da
história da Igreja Cristã, cerca de mil anos, metade de toda história até o
presente. Dez séculos de distanciamento dos princípios, doutrinas e práticas
bíblicas. Quase todas as vozes foram silenciadas (IRs 19:14,18). Esse foi
também um período de protestos por uma práxis, na Igreja, que correspondesse
aos ditames da Palavra de Deus.
A
Igreja mais era uma força política que uma extensão do Reino de Deus na terra.
O papa tornara-se senhor absoluto da Igreja que se estendia por todo o
território do antigo Império Romano. Aquela que antes dependia só de Deus,
tornara-se agora um negócio de homens
No entanto, a consolidação
definitiva do poder dessa Igreja iria se dar nos séculos seguintes, a partir da
Idade Média, que se inicia no século 5. O Império Carolíngeo (séculos 8 a 9) e
o feudalismo (principalmente séculos 8 a 11) proporcionariam espaço econômico e
poder político para a Igreja Católica se constituir na principal instituição
medieval.
Para podermos compreender bem o que
foi a Idade Média (476 a 1453) é necessário conhecer como a Igreja católica se
desenvolveu nesse período. Foi durante os 10 séculos que se costuma chamar de
"Idade Média" que o poder dessa instituição religiosa, juntamente com
a fé cristã, cresceu e expandiu-se de maneira colossal.
A Igreja católica se baseia no
cristianismo, a crença em Jesus Cristo, um homem que afirmava ser enviado pelo
criador do mundo, Deus, para falar à humanidade. Ela surgiu no século 1 da nossa
era, sendo o calendário cristão definido pelo ano que se supõe ser o nascimento
de Jesus. O calendário oficial de todo o mundo ocidental até os nossos dias é o
calendário cristão. Os contemporâneos de Jesus Cristo, que acreditaram nas suas
palavras, passaram a espalhar essas ideias, contando os fatos de sua vida. Eles
angariaram seguidores, cujo número foi crescendo ao longo dos séculos
seguintes.
Conquistando cada vez mais adeptos à
sua crença, os cristãos foram barbaramente perseguidos durante 300 anos. No
entanto, a uma certa altura, foram aceitos pelo
Império Romano, até então seu
maior inimigo. Já nas últimas décadas antes do seu fim, este Império tornou o
cristianismo a religião oficial dos romanos, proibindo outras crenças e rituais
de serem praticados.
2 - A IGREJA CATÓLICA
APOSTÓLICA ROMANA
A partir do século 4, com o
Imperador Constantino, começaram a ser definidos os ritos cristãos pelos
líderes dessa igreja. Havia cinco patriarcas ou bispos espalhados nas
principais cidades do Império Romano. Esses patriarcas diziam-se herdeiros dos
apóstolos de Cristo e, a partir do século seguinte, definiu-se que o bispo de
Roma seria o mais importante deles, chamado de Papa, o vigário de Deus na
Terra, pai de todos os cristãos. Assim, com o estabelecimento das normas da
religião cristã, passou a se afirmar essa Igreja como católica (que significa
universal, devendo ser expandida para todos), apostólica e romana.
É interessante constatarmos que
a Igreja católica se constituiu como uma instituição no Império Romano. Mas,
ainda que tenha sido fortalecida pelos últimos imperadores de Roma, sobreviveu
à sua queda, em 476, e foi adquirindo cada vez mais poder e prestígio durante a
Idade Média.
Esse poder continuou ganhando
força ao longo dos séculos e alguns fatores ajudam a explicá-lo. Primeiramente,
durante o Império Carolíngeo (séculos 8 e 9), a Igreja católica foi
privilegiada com a concessão de um amplo território. O Império Carolíngeo iniciou-se com o domínio do norte da Europa pelos
francos, numa política expansionista em direção a todo o continente europeu.
Pepino, o Breve, que iniciou a dinastia Carolíngea, derrotando a dinastia
anterior (Merovíngia - séculos 6 a 8), conquistou terras na Península Itálica e
doou-as para o Papa, constituindo-se, assim, os Estados papais.
3 - PODER E RIQUEZA DA IGREJA
CATÓLICA
A partir do século 10, com a
desagregação política que caracterizou a Idade Média, sem um poder
centralizador no continente europeu que comandasse os diversos povos que nele
viviam, a Igreja Católica obteve espaço para ir expandindo cada vez seu
"império da fé". Assim, acreditar em Cristo pressupunha uma série de
regras que todo indivíduo deveria seguir para merecer um lugar após a sua morte
no Paraíso celeste, ao lado de Deus.
Objetivando fazer os povos merecerem esse
lugar no Paraíso, a Igreja instruía os fiéis a não pecarem, obedecendo aos
mandamentos divinos e fazendo caridade. Essa caridade, por sua vez, além da
ajuda ao próximo, também estavam diretamente relacionadas à doação de bens para
a Igreja Católica, a fim de ajudá-la a prosseguir em sua missão.
Os nobres, então, como forma de se
livrarem do que a religião considerava seus pecados terrenos, deveriam doar à
Igreja bens materiais, como dinheiro, terras e riquezas. Portanto, o
crescimento do poder dessa instituição e o tamanho de sua fortuna estão
diretamente relacionados com a capacidade que a Igreja tinha de fazer com que
os fiéis acreditassem nas verdades que ela pregava. Mais do que acreditar
nelas, os fiéis deveriam temer a ira divina e o risco de queimarem no fogo do
Inferno após a morte.
Mas como a Igreja fazia os povos
acreditarem nisso e a obedecerem? Em primeiro lugar, não foi fácil o processo
de definição sobre quais práticas cristãs eram certas ou erradas. Desde o
século 4, sob o Imperador romano Constantino, começaram a definir-se os dogmas,
com o Concílio de Nicéa, realizado em 325. Os dogmas são as verdades
inquestionáveis que norteiam os católicos. No decorrer dos séculos, outros
dogmas foram sendo criados, alguns foram reafirmados, outros negados.
4 - SEPARAÇÃO E PERSEGUIÇÃO: A IGREJA ORTODOXA
Contudo, nesse processo, ainda no século
11, as discordâncias entre o clero estavam longe de ter fim. Foi isso que
motivou o Cisma do Oriente em 1054, ou seja, a separação entre a Igreja
católica de Roma e a Igreja católica do Oriente, que abrangia Constantinopla,
Grécia e Ásia Menor. Discordando da adoração de imagens de santos e figuras
divinas, a ala oriental da Igreja Católica fundou uma nova prática cristã com a
Igreja católica ortodoxa grega. Essa é uma religião existente até hoje, com
algumas crenças e rituais diferentes da Igreja católica romana.
Assim, ao irem se definindo as crenças e
práticas que os cristãos deveriam obedecer, a Igreja romana passou a perseguir
os que não compartilhavam dessa postura. A tentativa de controlar as mentes das
populações sob seu domínio, aumentando seu poder de influência e sua riqueza,
fez com que a Igreja Católica usasse de todos os meios para se impor.
Um desses meios foi a própria doutrinação
religiosa. Como as pessoas eram proibidas de terem outras religiões que não a católica,
frequentar os cultos nas igrejas
e praticar os ritos católicos eram as únicas manifestações culturais
permitidas. As igrejas, como templos de Deus funcionavam como um meio das
pessoas serem instruídas na fé e temerem a ira divina sobre aqueles que
pecavam.
Estabelecida em uma sociedade marcada
pelo pensamento religioso, a Igreja esteve nos mais diferentes extratos da
sociedade medieval. A própria organização da sociedade medieval (dividida em
Clero, Nobreza e Servos) era um reflexo da Santíssima Trindade. Além disso, a
vida terrena era desprezada em relação aos benefícios a serem alcançados pela
vida nos céus. Dessa maneira, muitos dos costumes dessa época estavam
influenciados pelo dilema da vida após a morte.
Além de se destacar pela sua presença no
campo das ideias, a Igreja também alcançou grande poder material. Durante a
Idade Média ela passou a controlar grande parte dos territórios feudais, se
transformando em importante chave na manutenção e nas decisões do poder
nobiliárquico. A própria exigência do celibato foi um importante mecanismo para
que a Igreja conservasse o seu patrimônio. O crescimento do poder material da
Igreja chegou a causar reações dentro da própria instituição.
Aqueles que viam na influência
político-econômica da Igreja uma ameaça aos princípios religiosos começaram a
se concentrar em ordens religiosas que se abstinham de qualquer tipo de regalia
ou conforto material. Essa cisão nas práticas da Igreja veio subdividir o clero
em duas vertentes: o clero secular, que administrava os bens da Igreja e a
representava nas questões políticas; e o clero regular, composto pelas ordens
religiosas mais voltadas às práticas espirituais e a pregação de valores cristãos.
Sob outro aspecto, a Igreja também teve
grande monopólio sob o mundo letrado daquele período. Exceto os membros da
Igreja, pouquíssimas pessoas eram alfabetizadas ou tinham acesso às obras
escritas. Por isso, muitos mosteiros medievais preservavam bibliotecas inteiras
onde grandes obras do Mundo Clássico e Oriental eram preservadas. São Tomás de
Aquino e Santo Agostinho, por exemplo, foram dois membros da Igreja que
produziram tratados filosóficos que dialogavam com os pensadores da Antiguidade.
Mesmo contando com tamanho poder e
influência, a Igreja também sofreu com manifestações dissidentes. Por um lado,
as heresias, seitas e ritos pagãos interpretavam o texto bíblico de forma
independente ou não reconheciam o papel sagrado da Igreja. Em 1054, a Cisma do
Oriente marcou uma grande ruptura interna da Igreja, que deu origem à Igreja
Bizantina.
A Idade Média tem como marcos de seu
começo e seu fim duas datas que se referem ao Império Romano. Seu início é
marcado pela tomada de Roma pelos germanos: a derrubada do Império Romano do
Ocidente ocorreu no ano de 476. O fim da era medieval é dado pelo ataque de
Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, tomada pelos turcos em
1453.
5 - CONCLUSÃO
Depois
da união da Igreja com o Estado, que com Constantino deu liberdade para os
cristãos. A Igreja Católica foi
consolidando sua influência, a ponto das pessoas praticamente serem forçadas a
seguirem o cristianismo, mas conforme os ensinamentos da Igreja Católica,
enquanto os grupos que não concordavam com as práticas do catolicismo eram
considerados hereges e eram duramente perseguidos, pois a igreja na época era a
detentora da “verdade”.
A
influência da Igreja não foi somente no meio religioso, a igreja era influente também
em outros meios, como o meio político, porém haviam os grupos que procuravam
viver sem as influências do mundo material, criando ordens religiosas, aonde
podiam dedicar-se somente as coisas de Deus, e absterem-se das coisas
materiais, as quais a Igreja estava também fortalecida.
A
Igreja tornou-se poderosa, porém os desvios doutrinários foram aumentando, a
ponto de que em 1054 houve a separação do Ocidente e o Oriente, fato conhecido
como o Cisma do Oriente, devido não só as diferenças culturais como também as
divergências teológicas existentes entre os dois ramos do cristianismo.
6 – BIBLIOGRAFIA
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/igreja-catolica-1-na-idade-media-essa-instituicao-ganhou-forca-politica.htm
http://cienciapoliticambup.blogspot.com.br/2011/08/o-empasse-religiao-x-idade
média-o poder-politica.html
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/igreja-na-idade-media.htm
Fonte : Pesquisa realizada por Maria de Fátima, bacharelando em Teologia
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