A
CONSTELAÇÃO DA FAMÍLIA
Temos
outro guia valioso para compreendermos a estrutura da personalidade de um
indivíduo, isto é, a posição dentro da família na qual ele cresceu. As linhas principais da estrutura de sua
personalidade são traçadas muito cedo em sua vida. Certos psicólogos dizem que isso ocorre até o
terceiro ano da infância, e o caráter posterior depende da maneira como ela usa
essa estrutura original. É essencial que
observemos a posição do indivíduo dentro da constelação familiar para compreender
qualquer pessoa.
Somos
capazes de descobrir algumas tendências gerais relacionadas com certas posições
na constelação familiar. O filho mais
velho tende a possuir um senso de responsabilidade mais acentuado. Gozou de todo amor e solicitude dos pais
durante os primeiros anos e isso outorgou a ele uma certa estabilidade. Desde muito cedo, provavelmente foi
requisitado para ajudar a mãe em pequenas tarefas e possivelmente ajudou na
educação das outras crianças. É bem
provável que tenha sido depositário de confidências dos pais e tenha partilhado
muito mais de suas decisões do que os outros filhos. O filho mais velho tende, assim, a defender a
lei e a ordem, a ser conservador e amante da estabilidade.
Encontramos
tendências bem diversas no segundo filho.
Este, quando vem ao mundo, confronta-se com um rival que já tem um ou
dois anos de idade. Nos anos de infância
e meninice sempre teve que seguir os passos de alguém capaz de andar, falar e
fazer muitas coisas antes dele. Por isso
sente a presença constante e viva de sua inferioridade, e se desdobra como um
atleta, tentando ultrapassar quem corre a sua frente, e é provável que mais que
se empenhe não consiga alcança-lo. Ele
pode dominar uma atividade especial na qual supere o mais velho. A situação se complica também pelo fato que o
mais velho pode sentir ciúmes do segundo, encarando-o como um presunçoso que
veio para desalojá-lo da posição que desfrutava nos afetos dos pais.
O
segundo filho, por conseguinte, tende a desenvolver uma ambição exagerada e o
hábito de esforçar-se sob tensão maior.
Também tende a ser revolucionário.
Frequentemente o aconselhador depara com exemplos vivos desse modo de
ser do segundo filho, caracterizado pela inferioridade e ambição.
Aqueles
que nascem entre o segundo e o caçula ocupam posições menos significativas e
pouco se pode prever acerca deles. Mas o
filho mais novo foi reconhecido através de toda História como aquele que ocupa
uma posição especial.
Esse
caçula, normalmente, é o depositário de uma afeição extraordinária durante a
infância e a juventude, não só por parte de seus pais, como também de seus
irmãos e irmãs mais velhos, que certamente ajudaram na sua instrução e
educação. O perigo reside em tornar-se
ele mimado demais, e consequentemente, esperar que o mundo sempre o conforte e
o afague, e caso isso não aconteça, pode assumir uma atitude desleixada e
azeda.
Por
outro lado, a criança caçula pode interpretar sua situação como de
inferioridade, já que seu mundo é constituído de adultos poderosos e, consequentemente,
pode desenvolver uma forte ambição, a ponto de jurar que ao crescer superará
todos os demais.
Vamos
agora ao filho único. Há muito se
reconhece a dificuldade de sua posição.
Todo o amor e a atenção dos pais foram acumulados nessa criança. Seus pais prestaram-lhe uma atenção toda
especial, por medo de que algo pudesse acontecer a ele, seu único filho. Esse filho único tampouco tem a experiência
dos contatos sociais e não aprende a viver com outros indivíduos, o que não
acontece com crianças de famílias mais numerosas. Tudo isso quer dizer que essa criança tem
mais probabilidade de ser mimada, desenvolvendo assim uma atitude de carência e
de dependência face à vida. Ela pode
esperar que o mundo lhe venha ao encontro, como realmente acontecia na sua
infância. E quando isso não se dá, ela sente em seu íntimo que foi traída e
toma uma atitude ressentida e acovardada diante da vida.
Fonte : Apostila Psicologia do Aconselhamento
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