domingo, 15 de março de 2020

JÚNIA ERA UMA APÓSTOLA ?


UMA ANÁLISE EXEGÉTICA DO USO EQUIVOCADO DE ROMANOS 16.7 PARA SUSTENTAR O PASTORADO FEMININO

Ao serem analisados de forma honesta e acurada, os argumentos usados a partir da Bíblia - nossa única regra de fé e prática - para defender a ordenação feminina ao pastorado mostram-se nada convincentes extremamente forçados.
Via de regra, ou são pura eisegese ou interpretações temerárias, isto é, interpretações elásticas a partir de eventuais aplicações que um determinado texto pode sugerir.  Nada sólido.  Por isso na maioria dos principais ramos das maiores denominações evangélicas do mundo, as nossas irmãs em Cristo não são ordenadas ao pastorado.
Isso significa que as mulheres não devem exercer um papel importante na vida da igreja, inclusive liderando determinadas áreas, ou que denominações que não ordenam pastoras não valorizam as mulheres ?  Claro que não.  O cristianismo de forma geral, sempre valorizou o trabalho da mulher e sempre teve mulheres se destacando na obra de Deus.  Há uma lista imensa de mulheres que se destacaram na obra de Deus em todos os período do cristianismo, que dentre muitas outras podemos destacar as evangelizadoras e mártires cristãs Blandina, Perpétua e Felicitas....
É lamentável que geralmente as pessoas que se envolvem fervorosamente na defesa da ordenação de mulheres ao pastorado não percebam que estão se prendendo, na verdade, mais a uma mera discussão sobre a concessão ou não de um título do que mesmo a uma valorização maior do trabalho das mulheres nas igrejas, porque o trabalho das servas de Deus na igreja, historicamente e de forma geral, nunca deixou de acontecer e ser valorizado na maioria esmagadora das igrejas locais.  E se este não for o caso em algum lugar, não seria a mera concessão de um título que reverteria concreta e equilibradamente uma situação de desvalorização do trabalho feminino em uma igreja, mas, sim, conscientização bíblica.
Uma mulher só pode ensinar, pregar,  ou ocupar algum cargo na igreja se for pastora ?  Nossas irmãs fazem isso brilhantemente e sem terem o título de pastora, ou seja, nas igrejas que não ordenam mulheres a pastoras.  E a bíblia, por acaso, impõe tais atividades a um crente - seja homem ou mulher - apenas se exercer uma posição de oficialato eclesiástico ?
As mulheres na igreja nunca precisaram de qualquer título eclesiástico para fazerem a obra de Deus.  Elas sempre trabalharam na obra independente de títulos, e por uma simples razão:  a Palavra de Deus não lhes veda fazerem a obra do Senhor, nem as vincula à necessidade de possuir alguma posição de oficialato eclesiástico.
Defender a ordenação feminina ao pastorado não significa "resgate da valorização da mulher na igreja" e também não é uma luta pela ortodoxia bíblica, porque não há uma base real bíblica para a defesa da ordenação feminina, só existe no máximo, inferências extremamente forçadas de um texto aqui ou acolá, nada mais.
Uma coisa é valorizar o trabalho das irmãs, outra é adaptar a Bíblia à moda dos nossos tempos.
Esse texto não visa desvalorizar o trabalho desenvolvido por irmãs das denominações que são ativas e fazem a obra com amor nas suas igrejas e receberam eclesiasticamente o título de pastoras, mas certamente elas não precisam do título de "pastoras" para exercerem seu trabalho na obra de Deus.
Ordenar mulheres ao pastorado não afeta nenhuma doutrina fundamental da Bíblia, logo não afeta nenhuma a igreja seriamente, mas é um equívoco que traz complicações.

O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE AS ATIVIDADES DAS IRMÃS NA IGREJA

À luz da Bíblia, a mulher obviamente pode e deve evangelizar e testemunhar (Jo 4.28-30); se dedicar à área social (At 9.36,39); Rm 16.1,2; 1 Tm 5.10); dar assistência aos obreiros do Senhor, tais como fizeram Febe e as mulheres que auxiliavam Jesus e os Doze (Lc 8.1-3; Rm 16.1,2); discipular novos convertidos (At 18.26); profetizar e fazer orações públicas (At 2.17;21.9; 1 Cor 11.5); ensinar a criança como fizeram a mãe e a avó de Timóteo, cujo pai era pagão (At 16.1; 2 Tm 1.5; 3.15); ensinar as outras mulheres e também exercer liderança sobre mulheres (Tt 2.3-5).  Ela só não poderá:
(1) Exercer um miinistério autoritativo de ensino sobre os homens na igreja (1 Tm 2.12) - o que é diferente de ter a oportunidade de pregar e ensinar a ajuntamentos de homens e mulheres estando sob a orientação, cobertura e autoridade de líder da igreja;
(2) E liderar igrejas, ou seja, pastorear (1 Tm 2.12).  Só os presbíteros podiam governar igrejas (1Tm 3.4,5; 5.17) e estes só poderiam ser homens (1 Tm 3.1,2; Tt 1.6).  E quando o apóstolo Paulo ensinou isso, não apelou  à cultura da sua época.  Não é a cultura de cada época que julga a Bíblia, mas é a Bíblia que julga a cultura de todas as épocas.  A cultura muda , mas os princípios bíblicos permanecem (Sl 119.89; Is 40.6; Ml 3.6; Mt 24.35; Tg 1.17).  Em Éfeso, eram os gnósticos que estimulavam a liderança das mulheres sobre as comunidades  cristãs e a autoridade delas sobre o homem no ensino, o que Paulo claramente combate em 1 Timóteo.  Mas que fique claro:  Paulo não é contra as mulheres ensinarem de forma geral.  Ele mesmo diz, por exemplo, que elas devem ensinar outras mulheres (Tt 2. 3-5).
Como já foi adiantado, o princípio da subordinação, isto é, da autoridade do homem sobre a mulher, não significa superioridade.  Paulo inclusive, cita como exemplo desse princípio de subordinação a relação entre Deus Pai e Deus Filho (1 Cor 11.3).  Esse princípio não deve ser ignorado.
Um dos textos mais usados pelos defensores  da ordenação feminina para tentar provar sua posição não só é bíblica como supostamente era considerado normal  pela igreja primitiva é Romanos 16.7, onde escreve Paulo.  "Saudai a  Andrônico e Júnias, meus parentes e meus companheiros na prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim em  Cristo".  Os que usam esse passagem para sustentar a ordenação feminina argumentam que a tradução certa do segundo nome seria "Júnia", que é um nome feminino, e não, "Júnias", que é masculino, e que, portanto, tratava-se de uma mulher, que seria esposa ou irmã de Andrônico.  Como supõem ainda que nesse texto ambos estariam sendo considerados apóstolos tal como Paulo, infere-se que "Júnia" seria um exemplo claro e forte do reconhecimento da ordenação feminina no Novo Testamento.  Mas, será  isso mesmo ?
Entre os Pais da Igreja, até os que pensavam ser "Júnia" um nome feminino), não defendia a ordenação feminina.  Todos os Pais da Igreja se opuseram a ordenação feminina.  Mesmo os poucos Pais da Igreja que achavam que o nome alí era "Júnia" se opunham bíblica e unanimemente à ordenação feminina, pois criam como a maioria dos expositores bíblicos até o dia de hoje, que, em Romanos 16.7, o vocábulo grego apostolos é usado em um sentido mais amplo, descrevendo de forma genérica auxiliares na obra de Deus.
Os Pais da Igreja não entendiam  Andrônico e Júnias (ou Júnia) como apóstolos  no sentido estrito de líderes da igreja, e há a possibilidade concreta de que o versículo em apreço não está dizendo que Andrônico e Júnias foram apóstolos, mas apenas que eram estimados por estes.
Pelo que foi exposto, não há base  para afirmar que Romanos 16.7 fala de uma "apóstola".

Fonte :  Pesquisa realizada por Edilberto Pereira - Bacharel em Teologia - na revista Obreiro - Ano 38 - nº 77 - CPAD, por Silas Daniel, Pastor e Jornalista, Chefe de Jornalismo da CPAD

O texto completo se encontra nas páginas 22 - 33 da citada revista

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